sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Poemas de Vinicius de Moraes ( poeta , dramaturgo, escritor Brasileiro)



Vinicius de Moraes foi um nome muito importante no meio cultural brasileiro. Diplomata de carreira destacou-se como poeta modernista, mas também como compositor e letrista popular.

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro, onde morre, infelizmente, em 1980.

É de Vinicius de Moraes a letra da musica de Garota de Ipanema feita com "Tom Jobim", musica brasileira mais conhecida no estrangeiro. Na Musica é considerada um hino. Ainda podemos citar “eu sei que vou te amar” em parceria com Tom Jobim.
Formado em Direito não exerceu a advocacia. Foi diplomata; dramaturgo, jornalista; poeta e compositor brasileiro. Escreveu vários livros, musica junto com outros cantores de renome no Brasil e que inclusive foram trilha de filmes.

Apelido: “Poetinha”

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O MAIS-QUE-PERFEITO

Ah, quem me dera ir-me

       Contigo agora

Para um horizonte firme

        (Comum, embora...)


Ah, quem me dera amar-te

       Sem ciúmes

De alguém em algum lugar

        Que não presumes...

Ah, quem me dera amar-te!


Ah, quem me dera ver-te

       Sempre ao meu lado

Sem precisar dizer-te

       Jamais: cuidado....

Ah, quem me dera ver –te!

Ah, quem me dera ter-te

       Como um lugar

Plantado num chão verde

      Para eu morar-te

Morar-te morrer-te....

(VINICIUS DE MORAES) – LIVRO : PARA VIVER UM GRANDE AMOR – CIA. DAS LETRAS EDITORA

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Amor

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol
Vamos, amor?
Porque excessivamente grave é a Vida.

(Vinicius de Moraes)

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O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
(Vinicius de Moraes)
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Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

(Vinicius de Moraes)
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A MEDIDA DO ABISMO

Não é o grito

A medida do abismo?

Por isso eu grito

Sempre que cismo

Sobre tua vida

Tão louca e errada....

__ Que grito inútil!

__ Que imenso nada!

(VINICIUS DE MORAES)
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O POETA

Olhos que recolhem

Só tristeza e adeus

Para que outros olhem

Com amor os seus

Mãos que só despejam

Silêncios e dúvidas

Para que outras sejam

Das suas, viúvas

Lábios que desdenham

Coisas imortais

Para que outros tenham

Seu beijo demais

Palavras que dizem

Sempre um Juramento

Para que outros tenham

Seu beijo demais.


Palavras que dizem

Sempre um juramento

Para que precisem

Dele, eternamente,

(Vinicius de Moraes)
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Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

(Vinicius de Moraes)
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Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz.

(Vinicius de Moraes)

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Ai de quem ama

Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Amar é triste
O que é que existe?
O amor

Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade

Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus
(Vinicius de Moraes)
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Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.
(Vinicius de Moraes)

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Tomara

Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais..
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Pederneiras-SP.
8 de fevereiro de 2.013
Eny S. de Figueiredo Prestes

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